Queda de pelo em cães: é normal?

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Você já percebeu que o seu cão ou seu gato perde pelo diariamente e que, em alguns períodos do ano isso fica pior, certo? Provavelmente em algum momento você já se perguntou se o seu animal ia ficar careca de tanto pelo que você está encontrando pela casa. Outros decidiram ter um cão de pelagem curta, pois acharam que ele perderia menos pelo, mas foi exatamente o oposto! Então, como saber se a quantidade de pelo que está caindo é normal? E por que algumas raças de cães e gatos perdem mais pelo do que outros?

Em primeiro lugar, é importante saber que tanto o cão quanto o gato perdem milhares de pelos durante o dia e isso é fisiológico. O pelo desses animais é dividido em pelos primários (que constituem a pelagem externa protetora) e os pelos secundários (subpelos). A proporção entre esses tipos de pelagem varia entre espécies (o gato tem muito mais subpelo do que o cão) e também entre raças (um pastor alemão tem muito mais subpelo que um Teckel). Além disso, é certo que cães de pelagem curta irão perder mais pelo do que os de pelagem longa. Já reparou que justamente cães das raças Shih Tzu, poodle, Yorshire (e outras) precisam ser tosados? Isso ocorre porque os pelos deles crescem continuamente. Já cães da raça Beagle, Pinscher e Pug, e também os felinos, não precisam ser tosados porque os pelos deles são programados geneticamente para crescer até determinado tamanho e cair. Só que eles não caem todos ao mesmo tempo, senão o animal ficaria careca! No mesmo animal existem pelos em diversos estágio de crescimento e, a medida que eles chegam ao tamanho que foram programados, eles caem.

Então, quando a queda de pelo é normal de acontecer?

  1. Uma queda de pelo mais intensa pode ocorrer na primavera e outono e é normal. Isso ocorre porque a pelagem do animal se prepara para o verão, fazendo com que na primavera comece a cair o pelo  do grosso do inverno e e crescer um pelo mais fino para o verão. Já no outono, o inverso acontece. No Rio de Janeiro, apesar de não termos estações bem definidas, é comum os tutores repararem uma queda de pelo acentuada no final da primavera, justamente quando a temperatura começa a subir. E alguns cães continuam a perder pelos no início do verão.
  2. É comum as cadelas perderem mais pelo no pós parto e amamentação, uma vez que os nutrientes do corpo estão destinados a produção de leite. Além disso, o pelo fica mais bonito na gravidez, por conta do aumento dos hormônios sexuais e, então, quando esses hormônios declinam no parto, os pelos em excesso por sua vez começam a cair.

 

O que fazer nesses casos onde a queda é fisiológica? Afinal, você não aguenta mais tantos pelos pela casa…

  1. Escovar o animal diariamente, uma vez que se tira os pelos “mortos” e ativa a circulação da pele. Muito importante: escovar sempre na direção dos pelos, em especial nos cãe de pelagem muito curta, como o Teckel e os Pinscher. A escvovação no sentido contrário quebra os pelos dos cães de pelagem muito curta, o que faz com que eles percam pelos que ainda não estavam preparados para cair.
  2. No caso dos cães, dar banho com mais frequência, pois a pele limpa favorece uma pelagem saudável. Por outro lado, os banhos em excesso podem prejudicar a pele do pet. Num cão com pele sadia, um banho por semana ou a cada 2 semanas, com o xampu indicado para pele e pelagem dele, geralmente é suficiente. Sim, cães também tem pelos oleosos, secos ou normais, por isso é importante a escolha correta do xampu (pergunte ao seu veterinário).
  3. Dependendo da queda de pelo e também no caso das fêmeas puérperas, em alguns casos é necessário a administração de vitaminas, que devem ser prescritas pelo médico veterinário que acompanha aquele paciente.

Figura 1 e 2: Bubba, da raça Chihuahua, com queda intensa de pelos na primavera.

E quando detectar se a queda de pelo pode estar além do esperado:

  1. Se o pet está apresentando falhas na pelagem, com áreas sem pelo (alopecia) ou somente o pelo mais ralo, onde se consiga ver com mais facilidade a pele (hipotricose).
  2. Se o pelo está fosco e sem brilho ou mudou de cor (discromia)
  3. Se o tutor observa coceira (lambidas também são uma forma de coçar), caspa ou se está mais seca ou mais oleosa do que o normal.
  4. Se a pele apresenta feridas ou vermelhidão.

Diversas doenças dermatológicas, hormonais, sistêmicas e nutricionais podem causar esses sinais clínicos. Por isso, consulte seu veterinário caso seu cão ou gato esteja com algum desses sintomas acima.

Além de todas as dicas acima, cuidados como alimentação balanceada, prevenção contra parasitas internos e externos e uma higiene adequada do ambiente onde esse pet vive são essenciais para um pelame lindo e saudável!

Dra. Flávia Braz – dermatologia e endocrinologia veterinária.