Com o avanço da medicina veterinária e melhorias nas formas de diagnóstico e tratamento, os nossos queridos amigos de quatro patas, felizmente, estão vivendo cada vez mais. Com isso, as doenças relacionadas ao envelhecimento, também tornaram-se mais frequentes na rotina clínica. As doenças endócrinas (hormonais) correspondem a quase 10% do volume total dos atendimentos clínicos e podem acometer tanto os caninos quanto os felinos.
O hiperadrenocorticismo (HAC) também conhecido como Síndrome de Cushing é uma doença de ocorrência comum em cães com média de idade de 10,2 +/- 2,86, com prevalência maior em fêmeas. Embora possa acometer qualquer raça, cães de pequeno porte são mais propensos a desenvolver a doença. Esta patologia é caracterizada pela secreção ou administração excessiva de glicocorticoides (cortisol) pelas adrenais e tem como principais sinais clínicos a poliúria (paciente urina em excesso) e polidipsia (aumento na ingestão de água). A polifagia (apetite aumentado) é igualmente comum. Outra alteração característica no paciente com Cushing é o abdome abaulado devido a hepatomegalia (aumento do fígado) e ao enfraquecimento da musculatura abdominal pelo efeito catabólico do excesso de cortisol. Fraqueza muscular, intolerância ao exercício, ofegacão, letargia e obesidade são comuns em pacientes com HAC. Podemos também observar algumas manifestações cutâneas onde a alopecia (regiões sem pelos) e afinamento cutâneo são as mais evidentes.
Mas o que é o cortisol?
É o hormônio do mecanismo de luta ou fuga, que aumenta em quantidade no sangue quando o organismo do seu cão percebe o estresse e esse aumento impacta em funções importantes no organismo do seu pet, incluído a pressão arterial (PA), o equilíbrio de sais minerais, o sistema imunológico e etc…
Seu bichinho de estimação precisa secretar o cortisol em pequenas quantidades, o excesso pode ser tóxico. Dentre os perigos do aumento da produção do cortisol está a hipertensão arterial, que pode resultar em doença cardiovascular.
A hipertensão arterial ocorre em mais de 50% dos cães com HAC não tratadas, sendo uma complicação relativamente frequente nesta doença, portanto, a manutenção da PA dentro dos valores de normalidade (até 150mmHg) é de extrema importância para garantir uma adequada perfusão sanguínea aos órgãos e tecidos. A principal consequência de um aumento persistente nos valores da PA é a lesão de órgãos alvo como coração, rins, olhos e encéfalo. É importante ressaltar, que mantendo o HAC sob controle, podemos ajudar a manter o paciente com a PA dentro dos limites de normalidade.
Agora sabendo um pouco mais sobre essa doença e das consequências que ela pode trazer para o sistema cardiovascular, que tal agendar uma consulta com um de nossos especialistas?
M.V. Fernanda Rohnelt – especialista em cardiologia veterinária