O mês de março é o mês da conscientização da doença renal em cães e gatos. Você sabe o que é a doença renal crônica? Como ela se manifesta tanto em cães quanto em felinos? Abaixo você poderá tirar todas as suas dúvidas!
Você sabia que existe diferença entre Injúria Renal Aguda, Insuficiência Renal e Doença Renal?
O quadro de Insuficiência Renal significa que os rins já não são capazes de manter seu funcionamento sem que haja prejuízos maiores ao funcionamento do organismo como um todo. A insuficiência e o consequente aumento da CREATININA, se dão com a perda maior do que 66% das células renais, seja de forma permanente ou passageira. De acordo com a gravidade da lesão, podem levar à morte do animal.
A Injúria Renal Aguda se caracteriza por insultos renais, que variam quanto à sua gravidade. Existem diversas formas de agressão aos rins, e eles podem, ou não, levar à um quadro de insuficiência. Injúrias agudas levam a inflamação e morte de muitas células renais. Nesses locais de inflamação, há chance de recuperação e retorno da função das células renais. Quando há morte formam “cicatrizes”(fibrose tecidual), que tem caráter irreversível.
A Doença Renal indica que há alguma alteração funcional e/ou anatômica, mas essa condição pode ou não ter chegado à uma insuficiência.
QUANDO devo me preocupar com a Doença renal crônica (DRC)?
O aumento da ingestão de água, presença de urina muito diluída (urina “clara”) e/ou em muita quantidade, urina em local inapropriado, perda de massa muscular progressiva, vômitos intermitentes e apetite caprichoso, devem acender um ALERTA para a presença de lesão renal, as vezes ainda numa situação inicial. Especialmente em animais adultos e idosos que tenham doenças como: doenças cardíacas e endócrinas, doenças infectocontagiosas, hipertensão arterial, infecção urinária de repetição, , urolitíases (“pedra nos rins”), inflamações crônicas.
Como posso observar os primeiros sintomas?
Nos gatos: Gatos tem origem desértica e são caçadores, por isso são capazes de disfarçar os sintomas de várias doenças para que não demonstrem sua fraqueza. Na DRC não é diferente, e os primeiros sintomas podem aparecer de forma bem inespecífica e enganando muitas vezes o tutor e até mesmo os veterinários. O simples aumento da ingestão de água, aumento no volume de urina, vômitos intermitentes (que se confundem com vômitos de bolas de pelos, que são comuns), perda de massa muscular de forma progressiva (as vezes muito rapidamente), hábitos estranhos como miados sem motivo aparente, se esconder, cabeça baixa e prostração, que não são compatíveis com a personalidade do seu gato, podem indicar desconforto (cistos renais? pedra nos rins?) ou dores de cabeça (hipertensão?).
Nos cães: Cães apresentam sintomas de forma mais expressiva do que gatos. Algumas raças dificultam um pouco o diagnostico devido ao comportamento muito ativo e sempre animado. Mas alguns sinais, as vezes aparentemente normais, podem indicar início de lesão ou doenças renais congênitas. Alguns dos sinais mais aparentes como vômitos e diarréia, inapetência, cansaço, hálito forte, prostração, podem já indicar lesão mais avançadas. Mas inicialmente podemos apenas notar aumento da ingestão de água, as vezes até vomitando devido a esse aumento exagerado, urina mais diluída e em maior volume, perda de peso, apetite seletivo, vomito esporádico (1 a 2x/semana), infecção urinária recorrente, urina em local inapropriado, comportamento alterado as vezes sem motivo aparente e com melhora sem tratamento.
Existe uma maneira de prevenir que meu animalzinho tenha DRC?
As visitas ao médico veterinário desde filhote, seguindo suas recomendações de dietas, exames, e medicações de prevenção (vacinação, vermífugos, carrapaticidas etc) são as principais maneiras de prevenir doenças diversas que vão causar pequenas lesões renais. Ao longo da vida as pequenas lesões podem leva-lo a uma perda de 2/3 da massa renal, e aí sim ter o aparecimento dos primeiros sintomas de maneira mais clara.
Mas mudanças na rotina de seu animal pode dificultar o aparecimento da DRC mais precocemente, como por exemplo, retirar o acesso de animais as plantas com potencial efeito tóxico, deixar água fresca a vontade e em comedouros sempre higienizados, oferecer dietas equilibradas e que condizem com as necessidades de cada fase da vida do animal, fazer passeios com frequência estimulando a micção o máximo de vezes ao dia evitando a estase de urina na bexiga por períodos prolongados, castração eletiva de machos idosos antes do aparecimento de problemas prostáticos e cuidados com a higiene oral dos animais sempre.
Quais os objetivos do tratamento se as lesões são irreversíveis?
Principalmente dar qualidade de vida aos pacientes, retardando o avanço da DRC, controlando os fatores de evolução.
E como podemos fazer isso?
Para cada fase da DRC existe uma recomendação para o tratamento. Por tratar-se de uma doença incurável, o acompanhamento contínuo desses animais é fundamental para que se faça um bom controle da progressão.
No site www.iris-kidney.com podemos encontrar as diretrizes de tratamento para cada fase da doença.
No próximo post falaremos mais sobre a DRC, como diagnosticá-la e tratá-la corretamente.
Dr. Igor Wirth – Médico veterinário especialista em nefrologia e urologia veterinária