Doença renal crônica parte 2 – como diagnosticar de forma precoce

Já falamos aqui sobre quais os sintomas da doença renal crônica e como preveni-los (é só ler em https://clinicavetcare.wordpress.com/2018/03/20/doenca-renal-parte-1-saiba-mais-sobre-quais-sao-os-sintomas-e-como-preveni-los/). Agora falaremos um pouco sobre o diagnóstico precoce da doença.

É importantíssimo que se faça um “Checkup” anual nos nossos animais, com o objetivo de ter uma base de informação sobre sua saúde, pois assim é possível além de fazer um diagnóstico precoce e evitar que a doença traga os sintomas mais graves, mas também comparar dados atuais com dados do passado de cada animal podendo assim concluir melhor os resultados. Afinal, mesmo que ainda sejam considerados “normais” pelos parâmetros de normalidade, os rins já podem sinalizar problemas pelo aumento da creatinina, diminuição do tamanho ou do contorno renal ao ultrassom, dentre outros. Sempre importante que se faça exames de urina, imagem, sangue e, se necessária, aferição da pressão arterial.

Nos idosos a recomendação é que procure um médico veterinário nefrologista para diagnóstico e prevenção, mesmo sem aumentos nas taxas de creatinina e uréia, principalmente nos casos onde haja presença de doenças concomitantes que possam lesionar os rins.

As taxas de creatinina e uréia costumam aumentar somente quando a perda ultrapassa 2/3 da massa renal. Por isso é importante que se identifique fatores como a perda de proteína pela urina, hipertensão arterial e a perda da capacidade de concentração urinária. Novos marcadores, mais precoces, também já estão disponíveis e devem ser realizados caso o veterinário julgue necessário.

Existe uma maneira de prevenir que meu animalzinho tenha DRC?

Visita ao médico veterinário desde filhote, seguindo suas recomendações de dietas, exames, e medicações de prevenção (vacinação, vermífugos, carrapaticidas etc) são as principais maneiras de prevenir doenças diversas que vão causar pequenas lesões renais. Ao longo da vida as pequenas lesões podem leva-lo a uma perda de 2/3 da massa renal, e aí sim ter o aparecimento dos primeiros sintomas de maneira mais clara.

Mas mudanças na rotina de seu animal pode dificultar o aparecimento da DRC mais precocemente, como por exemplo, retirar o acesso de animais as plantas com potencial efeito tóxico, deixar água fresca a vontade e em fômites sempre higienizados, oferecer dietas equilibradas e que condizem com as necessidades de cada fase da vida do animal, fazer passeios com frequência estimulando a micção o máximo de vezes ao dia evitando a estase de urina na bexiga por períodos prolongados, castração eletiva de machos idosos antes do aparecimento de problemas prostáticos e cuidados com a higiene oral dos animais sempre.

Quais os objetivos do tratamento se as lesões são irreversíveis?

Principalmente dar qualidade de vida aos pacientes, retardando o avanço da DRC, controlando os fatores de progressão.

E como podemos fazer isso?

Para cada fase da DRC existe uma recomendação para o tratamento. Porém, a qualquer fase da Doença renal, o tratamento sintomático e de outras doenças concomitantes é essencial para a estabilização do quadro.

O tratamento específico tem como principal pilar, a dieta! Todo doente renal deve ser avaliado de acordo com o seu estadiamento e deve receber uma orientação médica para iniciar uma dieta específica. Nem todos os estágios da doença já há uma recomendação para dietas “renais”, já que há em sua formulação muita diferença para as dietas convencionais, essa indicação deve ser dada no momento correto para evitar outros problemas que a mesma possa causar em estágios precoces do diagnóstico. Ademais, o controle da pressão arterial, o tratamento da proteinúria (perda de proteínas na urina em excesso, as consequências gastrointestinais pelo acúmulo de toxinas, acidose metabólica, anemia do doente renal, controle do fósforo, hidratação, controle de infecções urinárias, suplementações e o tratamento do hiperparatireoidismo secundário renal, devem estar sempre sendo monitorados e tratados especificamente por um nefrologista, afim de reduzir os danos ao organismo, aos rins, e ao paciente. Dessa forma conseguimos dar melhor qualidade de vida e longevidade aos pacientes nefropatas.

A utilização das terapias dialíticas nos doentes renais caninos é bastante específico e difere dos paciente humanos. Em geral pacientes com Injúrias Agudas tem mais indicações de realizar os procedimentos dialíticos do que doentes crônicos. Porém, doentes crônicos tem quadros de agudização da doença e podem ter indicação da utilização da técnica. Suas indicações devem ser dadas pelo Nefrologista, e dependem de vários fatores para serem aplicadas. O importante é saber que a hemodiálise e/ou diálise peritoneal, são técnicas de substituição renal, e serão aplicadas afim de retirar o animal de uma crise urêmica, e não serão realizadas para sempre.

Quanto mais cedo iniciamos a identificação, e o tratamento da Doença Renal Crônica, maior o sucesso no controle do avanço, da garantia de qualidade de vida do paciente e da longevidade dele junto a sua família.

Dr. Igor Wirth – nefrologia Veterinaria